Os dados de ontem mostraram que os preços ao consumidor canadense aumentaram em maio a taxas não vistas desde janeiro de 1983, aumentando a pressão sobre o banco central para aumentar as taxas "com mais força" em julho.

Preços altíssimos

Como os Estados Unidos, o Canadá está passando por um choque inflacionário este ano. Um forte aumento nos preços da energia levou ao aumento do custo de vida em maio.

Segundo estatísticas divulgadas na quarta-feira, a taxa anual de inflação no país acelerou para 7,7% no mês passado, a mais alta em quase 40 anos.

Isto está bem acima de um ganho de 6,8% em abril e as estimativas dos economistas de um aumento de 7,4% em maio. Em uma base mensal, os preços ao consumidor saltaram 1,4% em maio em comparação com um aumento de 0,6% em abril e a previsão dos analistas de 1%.

Assim, os preços de vestuário e calçados aumentaram 2,2% no mês passado. O custo das mercadorias aumentou 0,8%. Os preços das casas canadenses avançaram em 0,7%.

No entanto, o aumento da inflação no Canadá é causado principalmente por um forte aumento no preço da gasolina. Em maio, os preços dos combustíveis subiram em 12%. Ao mesmo tempo, os custos de transporte aumentaram em mais de 3%.

Excluindo os preços voláteis de alimentos e energia, o chamado índice básico de preços ao consumidor também mostrou uma dinâmica significativa.

Em uma base anual, o indicador aumentou para 6,1% em relação ao valor anterior de 5,7%. Isto confirma ainda mais a natureza abrangente do aumento da inflação.

A posição do Banco do Canadá

Ao comentar as últimas estatísticas de inflação, a vice-governadora do Banco do Canadá Carolyn Rogers não minimizou a escala da tragédia.

"A inflação é muito alta; está prejudicando os canadenses", disse ela. "Está nos mantendo acordados durante a noite e não descansaremos facilmente até conseguirmos voltar ao alvo... É por isso que estamos aumentando as taxas de juros e, como dizemos, estamos aumentando-as de forma bastante agressiva", acrescentou Rogers.

Notavelmente, o Banco do Canadá na quarta-feira elevou sua taxa de juros para 1,5%, sua segunda alta consecutiva de 50 pontos de base.

Além disso, no início do mês, o regulador prometeu tomar medidas mais decisivas se as pressões inflacionárias continuarem a se ampliar e intensificar.

Agora ficou claro que a inflação está ficando fora de controle. Isto levanta a questão se o Banco do Canadá aumentará as taxas em 75 pontos-base em julho ou não. Rogers não exclui tal cenário.

Enquanto isso, os participantes do mercado também estão aguardando uma ação mais agressiva do regulador canadense, em virtude da recente decisão do Fed de aumentar sua taxa de referência em 75 pontos-base. De acordo com as pesquisas, a probabilidade de que o banco central canadense siga o exemplo em sua reunião marcada para 13 de julho é estimada em 80%.

Reação do dólar canadense

Ontem, no final do comércio, o par USD/CAD virou-se para o lado negativo. No entanto, um aumento no valor do loonie foi provocado principalmente por outros fatores e não por dados chocantes sobre a inflação.

A dinâmica negativa do par USD/CAD pode ser atribuída a um dólar mais fraco em toda a linha e a uma queda no rendimento dos títulos do governo dos EUA após o discurso do presidente do Fed, Jerome Powell.

Até agora, o mercado mostra uma reação limitada ao aumento das expectativas da posição mais gavião do Banco do Canadá. Entretanto, à medida que a decisão sobre o aumento de taxas de juros se aproxima, a demanda pelo dólar canadense se tornará maior.

Nas próximas semanas, os investidores muito provavelmente apoiarão o dólar canadense, que é a segunda moeda mais rentável este ano.

Entretanto, as perspectivas para um futuro mais distante no que diz respeito ao loonie não podem ser chamadas de otimistas.

O aumento simultânea das taxas pelos principais bancos centrais poderia dar um golpe significativo na economia global e pressionar as moedas de commodities como o dólar canadense.

Em meio ao aperto total da política monetária, vale a pena apostar na moeda americana, que é tradicionalmente usada como um ativo seguro. Segundo especialistas, uma desaceleração no crescimento econômico global será benéfica para o par o USD/CAD.